Por Henrique Botelho
Muitos paradigmas e muitos conceitos, por vezes até preconceitos, certamente nos acompanhará por muitos anos em nossas carreiras, no entanto, a forma com que enxergamos essas situações faz toda diferença.
É um pouco daquela velha história de enxergar o copo meio cheio ou meio vazio. Nesse caso, o nosso copo é o verbo errar, verbo esse que conjugamos frequentemente e que está presente diariamente no nosso cotidiano profissional e pessoal.
O ato de cometer um erro, é por definição algo que incomoda que traz uma sensação ruim e pressupõe falha, fracasso, incapacidade ou coisas do gênero, uma vez que, ao longo da história o erro é algo atrelado a punição.
Basta lembrar do período escolar, o aluno que comete um erro em uma avaliação será punido com a perda de pontos, no processo de obtenção de carteira de motorista, a candidato que comete erros será punido com a reprovação e não terá sua carteira de habilitação, um candidato em um processo de admissão de um programa de mestrado que comete um erro em uma questão será punido com a perda da vaga, e assim por diante, os exemplos são diversos sob os mais variados prismas. Essa é a visão do erro sob a ótica do copo meio vazio.
No entanto, cabe uma reflexão sob um olhar de copo meio cheio acerca do ato de errar. Nesse sentido, observando atentamente o que pensam as empresas de alta performance e de culturas forjadas na meritocracia e na transferência contínua de conhecimento, tem-se, quase que como um mantra, que o aprendizado é a mola propulsora que projeta resultados extraordinários, nesse sentido, cabe ressaltar que aprender significa ir ao encontro do desconhecido, e que estando em meio ao desconhecido é provável que ocorram erros, é até digo que esses erros são muito bem vindos, pois significam que está havendo busca pelo novo e pela construção de um caminho para o resultado maior.
Entretanto, isso não significa um atestado liberatório para o erro em escala fabril, nem tampouco um salvo conduto para desempenhar de forma medíocre. Aqui cabe uma distinção de dois tipos de erros: erro novo e erro velho.
Erro novo é o que podemos chamar de erro bem vindo, pois é aquele erro que deriva da busca pelo aperfeiçoamento, aquele da busca por fazer melhor, por fazer com mais qualidade, ao qual falamos anteriormente. Já o erro velho não é bem vindo, pois é aquele erro que se repete inúmeras vezes, esse tipo de erro temos que trabalhar para eliminar das nossas carreiras, pois é um erro que não acrescenta, ao contrário, apenas subtrai.
Para lidar com erros recorrentes cabe uma reflexão, a qual defendo com veemência. Nunca presenciei nenhuma situação, onde uma pessoa acorda pela manhã com vontade de errar, nunca ouvi alguém dizer “hoje quero errar a emissão de uma nota fiscal” “hoje quero efetuar a cobrança a um cliente adimplente” “hoje acordei com vontade de perder vendas”, eu nunca ouvi isso, e você provavelmente também não, por uma questão muito simples, ninguém erra por desejo ou vontade, o erro deriva da ausência de conhecimento, então todas as vezes que cometermos um erro, é importante que façamos a seguinte pergunta: o que aprendi com esse erro? Certamente se você conseguir responder essa pergunta estará eliminando a possibilidade desse mesmo erro se repetir, outros erros poderão ocorrer, que é bem vindo, mas esse não mais.
Até porque eliminar todos os erros em nossa carreira não será possível, mas podemos aprender com eles e sempre ver o copo meio cheio. Pois para não errar, talvez teríamos que não sair de casa para ir trabalhar, e aí sim talvez cometeríamos o maior erro de todos. Pense nisso.
Henrique Botelho
Consultor Empresarial