Por Henrique Botelho
A busca sedenta por inovação, pela implantação de novas ferramentas, pela adoção de novas tecnologias, por metodologias de gestão e controle cresce a cada dia, e é salutar que assim seja, afinal o crescimento empresarial só se dá com o aprimoramento das técnicas de gestão. No entanto, precisamos nos atentar para um fator, que eu diria que é o responsável por inviabilizar grandes avanços nas empresas, ao qual chamo de “complexidade gratuita”. Esse fenômeno está mais presente nas nossas empresas e no nosso dia a dia do que a gente imagina, o setor público então é um terreno fértil para a ocorrência [e a recorrência] desse fenômeno. É muito comum ver as pessoas sempre buscando a reinvenção da roda e a adoção de métodos rebuscados e complexos para solucionar problemas que, em sua maioria são de fácil solução. Isso deriva do egocentrismo profissional, onde a pessoa está sempre buscando pelo rebuscado, pelo difícil, pelo complexo, e apostando cegamente que com essa postura estará sendo valorizada.
Pessoas com esse mau hábito adoram ouvir a seguinte expressão “pergunte Fulano, pois é só Fulano que entende isso” “Fulano, nos ajude com essa situação, pois aqui na empresa só você sabe como faz isso”. Essas frases soam como notas musicais harmoniosas aos ouvidos do amante da complexidade gratuita. Invariavelmente os métodos de trabalho são passíveis de simplificação, cabe aqui ressaltar que simplificar não significa ausência de qualidade, incompletude ou algo similar, muito pelo contrário, pois é na simplicidade que a pessoa mostra o seu talento e sua genialidade. Genialidade talvez seja uma boa maneira de descrever a capacidade de simplificação. Certa vez ouvi do grande Mário Sérgio Cortella, importante filósofo brasileiro, a narrativa sobre o ocorrido num simpósio de filosofia, simpósio esse que contava com a participação de importantes pensadores brasileiros, quando uma pessoa da plateia perguntou aos filósofos que participavam do evento o que eles gostariam de ouvir, se fosse possível, em seus respectivos velórios, depois de alguns segundos de silêncio, cada filósofo começou a fazer uma explanação do que gostariam de ouvir, explanações essas pautadas na filosofia, na ética, na antropologia, na sociologia, todas elas com bastante sustentação e conteúdo. Quando o último participante terminou a sua resposta, o mesmo devolveu a pergunta para a jovem da plateia: e você o que gostaria de ouvir em seu velório? A moça então respondeu que gostaria de ouvir a seguinte frase: “olha só, ela está se levantando”, não restou outra coisa ao auditório a não ser aplaudir de pé a jovem por sua tamanha genialidade na resposta. A simplificação das operações da empresa precisa ser objeto de análise diária, é importante que busquemos nas nossas atividades profissionais práticas mais simplificadas e acessíveis a todos os envolvidos, isso contribui fortemente para a produtividade individual e coletiva. Chega de complexidade gratuita, pois, a genialidade está na simplicidade. Pense nisso!
Henrique Botelho
Consultor Empresarial